segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Diga o quanto você pode gerar, que digo quem e o que você é.

"Como pode ser tragédia a morte de um artista, E a morte de milhões, apenas uma estatística?" Logo ao entrar em uma rede social me deparo com essa frase/questionamento. A resposta é "simples": branco, loiro, olhos azuis, norte-americano, Hollywood, bilhões de dólares, movimento intenso para o sistema... Estas são palavras chaves para resposta dessa pergunta. O nosso sistema, que somos nós, querendo ou não, não importa quem você é, mas o que você pode estar oferecendo para o sistema. Sendo assim, quando o ator, todo bonitinho, morre por estar em um carro de luxo, com velocidade acima da permitida, é uma catástrofe. Mas espera ai, convenhamos que a partir do momento em que ele está a cima da velocidade permitida, consequentemente está cometendo um crime, certo? Pois infringir a lei é crime. Mas por que 'tadinho dele minha infância se foi', e para um neguinho pobre que morre em uma tentativa de furto é 'bandido bom é bandido morto?' "Ah, mas não era ele que estava dirigindo", estando no banco do passageiro consequentemente ele é cúmplice do crime. Então relacionamos ao neguinho que dá fuga, não comete o ato, mas é cúmplice, certo?! "Ah, mas o neguinho que vai dar fuga é cúmplice de um delito que pode ser proveniente de um latrocínio (roubo seguido de morte), ou seja, o neguinho é cúmplice de um assassinato". Uê, mas concorda que, o indivíduo pilotando um veículo a mais de 150 km/h em uma via de máximo 70 km/h, ele está assumindo o risco de assassinar um casal de idosos com os seus netinhos que atravessavam normalmente a via? Mas.. Mas... Não existe mas, os indivíduos protagonistas do acidente, cometeram um crime, e acabaram pagando da pior forma possível, com a vida. E saíram como coitado, principalmente o ator Paul Walker, ele é coitadinho porque contribuía para o giro de uma imensa quantidade de capital, ou seja, a vida dele vale/valia mais do que a minha e a sua, porque nós, quando sociedade, atribuímos valores para pessoas, uma das formas de calculo desse valor é o quanto o seu potencial pode gerar, o dele, gerava bastante, por isso essa comoção toda. E ainda, há cidadãos que profere a seguinte frase: "A morte de Paul Walker leva parte da minha infância, luto". Porra nenhuma! E as infâncias que são perdidas nas favelas, nas bocas de fumo, nas ruas, no sertão, na exploração infantil?! Isso sim é perder a infância, pois essa é uma etapa única da vida do ser humano. "Ele era legal, ajudava instituições", po dá hora, ele fez algo interessante, e você, o que faz além de lamentar a perda? Meus sentimentos a família do ator, mas, mais ainda, meus sentimentos a todas as famílias que perdem diariamente seus entes queridos por conta dessa patifaria.

Um comentário:

  1. Direitos humanos são pra humanos direitos
    -quase um titulo de post-

    Há alguma morte que vale a pena? Vidas vividas pela metade são vidas? e valem menos ou mais? quem mata mais? O atropelador, o bêbado, a polícia? Ou algum burocrata que tira um ou outro milhão da educação e mata sonhos, esperanças, futuros? O pessimismo torna corações amargos, mas não conheço corações doces que se propuseram a mudar positivamente os rumos de suas próprias vidas quem dirá das outras... Não há escalas pra morte, mas escalamos todo dia pra fugir de cada uma das entrelinhas que conduzem pra ela. E ao fugirmos da morte (com palavras e/ou ações) escalonamos valores, escolhemos quem vale a pena morrer e viver. Escolho a admiração e quem não admiro de algum modo está morto pra mim. A vida de alguém é indiferente porque não luto por seus sonhos ou porque beira a impunidade de suas ações?


    Nunca se é homem enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.
    Jean-Paul Sartre

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