quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

"A vaidade excita"

Para falar de vaidade, eu devia deixar a minha de lado, mas como? A vaidade ela é individual, podendo ser também coletiva, e não é somente aquela vaidade estética, sendo essa o pontapé. Imagine se não houvesse espelho, não houvesse nada que pudesse refletir a sua imagem, creio que muitos se assustaram, e talvez nem consigam imaginar como seria, pelo fato de estar tão acostumado a se olhar. Os nossos índios até que os queridos portugueses chegassem viviam sem espelhos, e creio que eram muito felizes dessa forma, pois assim evitavam diversos problemas. E uma das formas que os lusitanos usaram para domesticar nossos antepassados foi através dos espelhos. O espelho é irmão do preconceito, você deve estar se perguntando, mas que tem haver um simples espelho com uma das piores ações dos seres humanos? É simples, o que reflete no espelho é aquela primeira imagem, a mesma que um racista usa para atacar um negro, a primeira imagem, basta ser negro, é a imagem que o racista precisa para atacar. A mesma que homofóbico precisa para violentar um homossexual, é aquele primeira imagem. Não se procura e nem quer saber nada sobre a pessoa, o que importa é simplesmente a primeira imagem, e é a mesma que o espelho reflete sempre. Pois o espelho não reflete as ideologias, os conceitos e os gostos ou desgostos do indivíduo, apenas a sua imagem carnal. Além de irmão do preconceito, o espelho também é irmão do estereótipo, que se assemelha com o preconceito, o preconceito é o conceito inicial que se obtêm de algo, o estereótipo é a caracterização de algo por antecedentes ou pelo que aparenta a ser, o que há incomum entre eles é a ignorância pela qual são atribuídas, pelo fato de que não há nenhum conhecimento aprofundado para obter os conceitos, basta a primeira imagem do espelho. A vaidade está tão profunda em nós, que normalmente somos incapazes de sair de casa sem olhar no espelho, mas por que isso? Porque tenho de me preocupar com o que minha imagem vai passar? Será que minha pessoa é tão pobre que preciso me caracterizar de algo para transmitir alguma mensagem? É, acredito que tenha um pouco disso, a falta de conteúdo necessita de outros aspectos para preencher, sendo assim a imagem estética, a imagem do espelho é de boa utilidade nessas ocasiões. Não tiremos o mérito das indústrias cosméticas, vestuários, estéticas e midiáticas. Pois boa parte da vaidade nos é de certa forma imposta, pelo fato de que a vaidade se tornou algo coletivo, não acredito que todos no seu individual goste de vestir camisa da Hollister, mas pelo fato de que é bacana usar e lhe atribui determinados conceitos, é interessante que se use. E aquele que se diferem dessa grande massa, se deparam diretamente com o primeiro irmão do espelho, o preconceito, pelo fato de ser diferente, é estranho, esquisito, e normalmente feio. Por esse fato nos deparamos com tantas pessoas parecidas, a indústria acaba que uniformizando a sociedade, conhecemos uma pessoa a pouco tempo mas parece que já vimos aqueles mesmos discursos, talvez seja porque o raio que atingiram-nos seja o mesmo, é algo deprimente, acaba que excluindo a beleza individual, a beleza do indivíduo, e fica tudo muito igual. Mas assim é mais fácil e lucrativo, o Fordismo e Taylorismo visa exatamente isso, a produção em massa procura atingir esse resultado para alcançar cada vez mais mercado consumidor alavancando os lucros. Dessa forma, junto a globalização, não é difícil de encontrarmos uma pessoa do Brasil que se pareça com um europeu, pelo fato do eurocentrismo, o que nós fode, achar que o que é europeu é melhor que o local, isso é uma construção cultural, a qual espero que seja rompida conforme o tempo, mas para isso precisaríamos de um parâmetro nacional, o que é difícil no nosso caso, brasileiros, pelo fato de que nossa identidade é um pouco obscura. Enfim, as ideias desse texto teve algumas ramificações, desculpe a bagunça, mas espero que consigam compreender (rs), terminarei este texto com um relato. Nesse ano pude conviver com uma pessoa extraordinária, diferente de todas as que já conheci na vida, uma pessoa realmente surpreendente, e o melhor, maravilhosamente magnífica. Essa pessoa segundo os parâmetros de análise é caracterizada como 'especial' (olhe só, por ser diferente dizemos que é especial...), e sem dúvidas foi a pessoa mais especial que já conheci, é de uma espontaneidade incomum, não tem preocupação com o que os outros pensam a respeito dela imagino eu, cantava, dançava, gritava, elogiava, a qualquer momento, no momento em que lhe dava vontade, e a beleza dessas ações é indescritível, talvez pela pureza dos movimentos. Um certo dia colocamos um gorro na cabeça dessa pessoa, e eu quis lhe mostrar como tinha ficado, logo ao chegar próximo de algo que refletia e apontar como tinha ficado, a reflexão da imagem não tinha importância alguma, nem se preocupou como havia ficado com aquele gorro, talvez porque aquilo não fazia diferença alguma para ela, pelo fato de o que ela é não iria mudar com ou sem gorro, e talvez é essa não preocupação com o espelho, com a imagem, com a vaidade, que torna aquela pessoa tão única e maravilhosa. Maquiamos-nos com acessórios, adquirimos características que não são nossa, e para quê? Será que o individual é tão ruim que precisa se apossar de características alheias? Talvez, em todo caso, estamos nos tornando cada vez mais iguais, e isso é deprimente, espero ter a honra de conhecer mais pessoas, assim como a pessoa citada, que sejam únicas. Espero que nossa vaidade não seja maior que o nosso ser, seria um grande rombo para o sistema (rs). Vivenciando a vaidade há 17.

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