sexta-feira, 11 de abril de 2014

Curtisidade do distante: qual o valor da distância?

"Curtisidade" derivada do latim 'curtis' e do grego 'idade', brincadeirinha, mas emprego esse termo no sentido do ato de curtir, neste caso o ato de curtir o que está distante. É algo que em minha opinião possui certa relevância. De forma vulgar seria, gostar de algo que até então não se tem acesso, não há um contato próximo/intimo.

Está ligado ao fetiche, ao desejo e a agregação de valores supostamente inexistentes. Normalmente funciona da seguinte forma, quando queremos algo criamos um fetiche sobre esse algo agregando determinado valor que talvez nem possua, mas que por conta do desejo acaba sendo incorporado esse valor. Nota-se que há uma relação entre as atribuições citadas, formando um único conjunto.

 Com essa fórmula podemos exemplificar, pense em um aparelho celular, a acerca desse aparelho é criado todo um fetiche, neste caso juntamente com a publicidade das empresas, dessa forma há uma agregação de valor sobre o objeto que resulta no desejo de comprá-lo. O valor desse objeto tem maior proporção até que esteja distante do consumidor, seja na loja ou na mão de alguém e quanto maior a dificuldade de adquirir o objeto, maior é o valor agregado, o desejo, ou seja, a distância ajuda na aquisição de valor da 'coisa'. Quando o objeto é alcançado com o tempo seu valor vai diminuindo, isso acontece pelo fato da distância ter valor.

Um exemplo similar são os vestuários, como calçado e  roupa, até que a peça esteja na vitrine o seu valor (não o financeiro, mas o resultante do fetiche) é imenso, a partir do momento que a peça é adquirida de forma gradual seu valor é reduzido. No caso do calçado nos primeiro dias é guardado até dentro da caixa, dois dias após a compra está em qualquer lugar, menos na caixa.

A intenção é evidenciar as formas de valorização e desvalorização. Suponho que existe o tal consumismo justamente por isso, por nunca ficarmos satisfeito com o consumo atual, sempre precisamos de mais, e essa tentativa frustrante a procura da satisfação gera o consumismo. Afirmo que se há uma possibilidade de satisfazer completamente um indivíduo, essa não seria através do consumo material.

Não paramos por aqui, ao menos não eu, esse mesmo modelo acontece entre as relações interpessoais.

Uma forma simples de exemplificar seria em uma 'paquera', quando nos interessamos por uma pessoa criamos um fetiche, consequentemente a agregação de valor a essa pessoa, que somando tudo compõe o desejo, mas quando enfim conseguimos ter uma relação afetiva com a pessoa mesmo que seja tudo aquilo esperado e as vezes mais, acabamos que por descuidos fazendo e demostrando a perca de valor da pessoa (não é uma lei para todos os casos). Deve ser por isso que há tantos relacionamentos marcados por términos, o 'descuido'(desvalorização) contribui para o enfraquecimento da relação culminando no término.
O objetivo central foi ressaltar a supervalorização do que é distante, o que está longe, as vezes o 'inalcançável'.

Agora explicando a utilização do termo 'curtisidade'. A rede social de maior movimentação é marcada por uma ferramente denominada no português como 'curtir'. O sucesso dessa ferramenta está intimamente ligada com a tese desse texto, pois o que é curtido na rede social é algo que está longe, por mais perto que esteja está sempre longe, é por isso faz tanto sucesso, assim como os exemplos citados no texto é resultado da valorização da distância
.
Não é possível dividir 17 por 2 e dar um número inteiro, o menino pode trazer luz ou confusão, cabe ao consumo do leitor.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Higiene social.

O que vem em sua mente ao ler essas duas palavras juntas?
Em primeiro momento talvez possa parecer um pouco estranho, mas com reflexão da para ter noção do que se trata, pois está intimamente ligado ao nosso cotidiano. 
Neste caso essa denominação é utilizada no aspecto literal das palavras mesmo, seria uma faxina na população, de forma que force a padronização generalizada. 
Como assim?
É simples, é constituída de forma imposta (diretamente e/ou indiretamente) um modelo ideal de pessoa ou modo de pensar, as pessoas que diferem dessa forma são forçadas a se adaptarem, caso contrário são extremamente reprimidas pela sociedade chegando até ao ponto de exclusão da mesma.
Um exemplo: O modelo ideal de corpo dos últimos anos. Atualmente o padrão passa por uma transição, antes(recentemente) o corpo ideal seria o dito 'magro', este tem se modificado para o "marombado". Ambos são produzidos, mantidos e estimulados pelo mercado de consumo, é uma ferramente extremamente eficaz para a incitação do poderoso consumismo. Desse modo as vestimentas da moda giram em torno dos padrões, sendo assim, apenas quem enquadra-se nesses padrões seriam caracterizados como "na moda", aqueles que não encaixam-se nesses padrões sofrem repressões físicas e morais ao ponto de querer a todo custo fazer parte desse grupo, algo que não é fácil pois cada ser é único, nesta ocasião os organismos são diferentes assim como as pessoas de modo amplo, o que pode acarretar em doenças por conta de medidas insensatas/desesperadas. Esses fatos sustentam a tese de que não poderia haver um padrão, mas essas ideias não são aceitas por não serem rentáveis para o mercado. 
Para ocorrer a padronização são criadas diversas medidas que também geram lucro, como no caso do peso a criação de academias, medicamentos, entre outras. Nota-se que não são os produtos que adaptam as pessoas, mas as pessoas que devem adaptar-se aos produtos. Estranho, não? Além de haver um custo financeiro para a aquisição do produto ainda deve ocorrer a adaptação perante o mesmo. 
Isso caracteriza a higiene social, pegar o que é diferente e de todas as formas possíveis tentar eliminá-lo ou adapta-lo ao dito normal. 
Podemos partir para outro exemplo.
Algo que ficou mais próximo a mim de algumas semanas para cá. A questão indígena, nesse caso é formado caracterizações normalmente deturpadas da realidade para gerar um repúdio do restante da sociedade. Qual interesse nisso? É extremamente útil para os grandes "proprietários" de terra, demonizam a imagem do índio ao ponto da sociedade adquirir repúdio pela figura indígena, dessa forma torna-se fácil a atuação dos "proprietários" de terras na hora de apropriar-se das terras indígenas. É criado um esteriótipo extremamente negativo a cerca das comunidades indígenas com o intuito de marginalizá-los, com a criação desses esteriótipos e alegação da isenção dos mesmos na geração de capital tornam-se totalmente vulneráveis ao sistema, que caminha pela extinção cultural, uma perca imensa para a sociedade brasileira e mundial.
Não há exemplo mais claro de higienização do que a atuação de Hitler da Alemanha nazista, é certamente o evento mais evidente de higienização social, nesse caso foi empregado o termo "purificação da raça", um sinônimo do título desse texto. 
A ideia do texto é evidenciar algo que é totalmente destrutivo para sociedade, que está constantemente presente no cotidiano. Essas denominadas minorias estão exposta ao sofrimento a todo momento, desde um olhar até uma fala preconceituosa, temos de tomar cuidado com nossas atitudes, em toda situação é necessário o respeito das diferenças, não há nada de lucrativo humanamente falando. 
Aconselharia aos leitores que sempre ao ser exposto ao diferente pensasse nas medidas de higienização que esse diferente sofre, talvez assim houvesse uma conscientização, caso consiga fazer essas reflexões diria que está em um bom caminho. Lembrando que o sujo só é sujo a partir do momento que alguém diz que é sujo. A sujeira não é algo natural, nenhuma sujeira é natural, são criações. Não pense que todas as denominações de sujeiras são ruins, porém as evidenciadas como exemplo nesse texto com certeza são!
De limpeza o menino está tranquilo, sujo pelo sujo, quem não é? As vezes é bom guardar ou modificar seus 17 pensamentos.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pertencê

Quem, onde, o que, quando,como, você pertence?
A palavra pertencer nos remete posse, de alguém ou alguma coisa para com você, ou de você para alguém ou alguma coisa.
Inicialmente somos livres, mas livre de que? Livre de quem? Livre de nada... nem mesmo de você.
O pertencer pode ter lugar, forma, cheiro, gosto,
Pode deixar saudade ou repúdio.

Algum tempo atrás os seres humanos eram nômades, não tinham locais fixos, logo não pertenciam a nenhum lugar, em partes, pois habitava algo, que acaba pertencendo ao mesmo. Eram mais ou menos livres que nós do pertencimento? Acredito que mais livres quanto a localização, mas presos quanto a ideia.

Queremos tanto, buscamos tanto a liberdade, mas será que a liberdade é boa, ou melhor, será que queremos mesmo a liberdade? Ou só gostamos da ideia de liberdade? Mas espera ai, o que é liberdade? Chega a ser mais fácil dar exemplo de liberdade do que definir o que é liberdade, e se houver reflexão na argumentação ai que complica tudo rs. As vezes ficamos tão presos na busca por determinada liberdade, colocando-a em divisões, que acabamos nos perdendo,seja por falta de apoio, ou mesmo por não saber o que realmente queremos.

De quem são as ideias que você pensa? Será que são suas? Por que são suas? Por que você vivenciou, refletiu e adquiriu para você? Por que você leu e memorizou? Ou o que mais desgosto, implantaram em ti? O desgosto é questionável.

A ideia desse texto que na verdade não tem ideia alguma, são questionamentos, pois é de onde origina os pensamentos sólidos, sendo essa afirmação totalmente questionável assim como tudo.

Já parou para pensar que a maioria, se não todas as coisas são construções? Que foi construído para gerar uma espécie de ordem? Não me refiro apenas ao  físico, mas também, e principalmente ao ideológico/metafísico. Mas dai você pode pensar que possui sua individualidade e nela você é livre, até pode ser, mas acho extremamente difícil. Até mesmo nossa individualidade é construída, com uma forma de peneira e adequação de ideais interessantes. Interessante para quem? Boa pergunta, depende do fragmento em específico.

Pertencer algo ou a algo as vezes é bom, em determinadas situações é agradável e confortante. As construções normalmente não são nossas, e quando não são devem ser questionadas, até mesmo o que pensamos criar deve ser questionado por nós. Apenas aceitar e repassar é uma forma de legitimar, e essa legitimação pode vir a causar danos a terceiros ou a si, então pensemos antes de agir, e até mesmo em refletir. Pode parecer estranho, mas quando há prática torna-se um pouco mais normal.

Você pode me perguntar qual a ligação entre pertencimento, liberdade, construções, questionamentos e pensamentos. Só não espere de mim uma resposta.

Com carinho, guri de 17, ops menino...