sexta-feira, 25 de julho de 2014

Você é o que defende, ou defende o que é?

Por possuir posicionamento político, no que trata-se de debates e discussões, acabo que entrando em várias delas, em posições e condições das mais diversas, além de replicar certas inclinações em redes sociais na forma de discurso. E constantemente um dos argumentos proferido a minha pessoa é o de "então você é ...". Não! Não sou, e não teria problema algum em ser ou parecer ser. 
Este é o motivo do título " você é o que defende, ou defende o que é?", para defender o movimento de mulheres que luta pela igualdade de gênero e autonomia da mulher, não preciso ser mulher. Para defender a liberdade sexual e afetiva de casais homoafetivos, não preciso ter relações homoafetivas. Para defender igualdade racial e ser contra qualquer discriminação de tal cunho, não preciso carregar na pele a tonalidade escura. Para defender a causa indígena de reapropriamento de suas terras sagradas, não preciso ser indígena nato. Para defender que pessoas em condições de rua deva possuir moradia digna, não preciso estar na mesma condição. Para ir contra o sistema vigente, não necessito ir para outro país. 
Para defender pessoas que encontram-se em vulnerabilidade econômica, não preciso estar na mesma situação.
Até mesmo porque posso não me enquadrar nestes padrões, mas partilho de determinadas semelhanças, assim como muitos, além dos ideais. No caso das mulheres, a única distinção é um cromossomo Y ao invés de dois X. No caso de homoafetivos, a única distinção é possuir relação heterossexual. No caso dos negros, a única distinção é a tonalidade da pele, por fatores genéticos relacionados a melanina, que apesar de não ser expressa fenotipicamente, estar implícita no meu genótipo. No caso dos indígenas, a distinção está relacionada a "descendência direta", pois habito as mesmas terras e possuo descendência em grau mais distante. Entre outras situações de semelhanças. 
O fator de maior expressão está relacionado a essência, o ser humano, partilhar a mesma espécie, esse fator tem extrema relevância ao determinar a legitimidade de minhas causas. E se para que você defenda algo necessita se enquadrar nos padrões que defende, para mim chama-se apenas interesse, na mais baixa relevância do termo, o que ultrapassa essa zona, colocando em evidencia, para mim, chama-se ideais, e são por eles meus discursos, ou melhor, pelo que eles possam vir a resultar. 

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